Cyberpunk Community Soundtrack

O projeto musical gratuito Cyberpunk Community Soundtrack, é uma iniciativa virtual a fim de reunir artistas de diversos gêneros sob um mesmo tema, o cyberpunk. A cada ano, o projeto se abre para uma nova edição, recebendo cada vez mais material. O responsável por compilar e distribuir todo o conteúdo, é o também participante Cyberbite. O volume de nº: 4 recebeu uma resenha no site Neon Dystopia, uma bela demonstração de reconhecimento pelo trabalho desenvolvido dentro da comunidade cyberpunk.

Os interessados em ouvir ou participar do projeto como artista, podem encontrar mais informações e os links para download gratuito no site (tumblr) oficial:

http://cyberpunkcommunitysoundtrack.tumblr.com/

O Cyberpunk Community Soundtrack também conta com uma fan page no Facebook e com algumas músicas no Soundcloud:

https://www.facebook.com/cyberpunksoundtrack

Information Society

Fundada em 1982, a banda Information Society é um grande exemplo da fusão de gêneros musicais da década de 80. A influência da ficção especulativa já se faz notar pelo nome da banda, que remete ao clássico romance 1984, de George Orwell. Onde a abreviação IngSoc, foi levemente modificada pela banda e usada como InSoc. Além disso, propositadamente ou não, o termo “sociedade da informação” é capaz de descrever perfeitamente as mudanças ocorridas dos anos 80 em diante, que nos mergulharia na Era da Informação.

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A Música Cyberpunk

O Cyberpunk é um movimento literário, é importante lembrar disso ao transpor seus valores a outras mídias. Quando se fala em música, vale lembrar que não existe uma definição clara de como classificar o que é, e o que não é música cyberpunk. Esse título é dado ao se identificar algumas características dos movimentos musicais que se assemelham a elementos dessa distopia futurista. Outra maneira, é quando o artista se declara influenciado pelo movimento literário e faz composições em sua homenagem.

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Há um reflexo musical da influência do movimento cyberpunk, que não se limita apenas a inspiração causada pelas obras literárias. Essas influências também podem ser detectadas vindas de outras fontes, como: moda, filmes, quadrinhos e jogos, assim como de questões sociais, políticas, arriscando até a dizer filosóficas; além é claro, da cibercultura e dos avanços tecnológicos. A união desses diversos tipos de expressões, criaram aquilo que conhecemos hoje como a cultura cyberpunk.

Todas essas formas de mídia se influenciam constantemente, levando a música a se moldar conforme mudanças acontecem no cenário. Alguns filmes de ficção científica tem embalado canções que acabam por serem submetidas ao título de cyberpunk. Não existe um padrão para suas composições, elas acompanham o ritmo e a ambientação dos filmes, como no caso de Blade Runner. A mistura de música orquestrada com sintetizadores em sua trilha sonora, é por muitas vezes arrastada e melancólica, se encaixando perfeitamente na proposta do filme, levando o espectador a reflexões desejadas.

Outros filmes trouxeram canções que conseguiram fazer a caracterização do cyberpunk de forma completamente diferente, com músicas dançantes e/ou agitadas. É claro que comparar trilhas sonoras não é um argumento, apenas uma observação de como a música pode ser representada dentro do universo cyberpunk. Acredito que Matrix foi o filme que melhor se desenvolveu nesse aspecto. Uma pequena pesquisa pode revelar a quantidade de artistas utilizados para se chegar ao resultado de sua fabulosa trilha sonora. Entre eles, nomes como Rob Dougan, Juno Reactor, The Prodigy, Rob Zombie e Rage Against The Machines.

Um exemplo mais recente é o filme Chappie, que traz a dupla de músicos do Die Antwoord como atores. Interessante notar como a banda surge representando uma nova onda para rotulação de música cyberpunk, ao mesmo tempo que a banda se diz representante de um movimento de contra cultura (Zef), exatamente como o cyberpunk podia ser visto em seu início, quebrando os paradigmas da literatura sci-fi clássica.

Deixando de lado a influência de filmes na concepção de rotulação musical, temos o surgimento de bandas influenciadas diretamente pela cultura cyberpunk. A exemplo de Front Line Assembly, Grendel, Fear FactoryClock DVA e Skinny Puppy. Isso ocorre a diversos fatores, que vão desde os temas abordados nas letras, até a agressividade da maneira de se expressar com o uso de tecnologias de composição eletrônica, que remete ao ambiente transmitido quando se imagina ações de hackers em um ciberespaço.

Combichrist é uma banda que consegue trazer facilmente os elementos dessa cultura underground através de suas canções, que abordam situações onde é fácil inserir um clássico personagem de cyberpunk. Além é claro, de sua sonoridade alternativa e [alguns] de seus video clips. Bastando juntar a mensagem da música com o vídeo para sentir essa ambientação.

Em alguns casos, a influência declarada faz a rotulação de cyberpunk ficar claramente reconhecida. O caso mais marcante, acredito ser o da banda irlandesa U2. Ao compor algumas faixas abordando o impacto da tecnologia na vida humana, Bono Vox diz ter-se inspirado na literatura de William Gibson, dessa forma, o álbum Zooropa de 1993, tornou-se uma uma referência a música cyberpunk. Nesse caso em específico, acredito haver uma supervalorização dessa rotulação, pois U2 é uma banda de gosto popular, então qualquer atitude pequena torma grandes proporções. Também pelo motivo da maioria das faixas não tocarem em temas relativos ao cyberpunk, enquanto algumas poucas o fazem de maneira superficial. Assim, supervalorizando o álbum como algo que ele não tem profundida suficiente para representar. Não que isso torne a música ruim ou estrague o trabalho da banda, mas ouvir suas músicas sem ter esse conhecimento prévio, dificilmente vai levar o ouvinte a associação do tema proposto pela banda. Vale ainda dizer, que Bono Vox é novamente associado ao cyberpunk, quando aparece em um documentário ao lado de Gibson e Bruce Sterling, em No Maps for These Territories (2000), o que comprova ainda mais seu interesse pelo assunto.

Outro artista que embarcou nessa onda para desenvolver um álbum totalmente voltado ao subgênero, foi Billy Idol. Seu álbum conceitual intitulado Cyberpunk lançado em 1993, foi uma grande declaração como fã dessa literatura, que o fez mergulhar profundamente em pesquisas sobre a cultura cyberpunk durante a produção do álbum. Para a época, o resultado foi muito inesperado, gerando críticas negativas sobre seu trabalho. Mas para os fãs do movimento, o efeito foi contrário e o álbum se estabeleceu como um clássico para eles.

O cyberpunk encontrou na música eletrônica alternativa seu maior potencial. Apesar de muitas bandas não conseguirem ser lançadas ao grande público com a facilidade do U2 ou Billy Idol, é entre elas que se encontram os trabalhos com mais profundidade de temas. Essa facilidade da música eletrônica em conversar com o cyberpunk é bem interessante, mas infelizmente poucos artigos tratam desse assunto. Assim como em outros tipos de ficção científica, o som eletrônico consegue representar com facilidade ambientes futuristas e cercados de tecnologia.

A própria música eletrônica representa um avanço tecnológico para a composição musical, e tecnologia é sempre um ponto importante para esse tipo de ficção. O uso de sintetizadores permitiu o surgimento de diversos gêneros musicais novos. Em muitos desses movimentos, encontram-se inclinações as influências do cyberpunk ou indicam ter tendências a temas futuristas, tais como: neurofunk, ebm, dubstep, industrial, futurepop, aggrotech e outros.

Kraftwerk pode ser considerada a banda precursora de toda essa música eletrônica voltada a cibercultura, merecendo os créditos pela sua influência na música do século XX de forma geral.

Se o lado tecnológico do cyberpunk parece ter sua representação por meio de música eletrônica, o que dizer do lado social? Todos aqueles personagens marginalizados, cidades entupidas e um sistema injusto e exploratório, são facilmente encontrados no punk/rock, com seus temas de subversão ao sistema, niilismo, marginalização e contra cultura.

Essa ampla gama de gêneros musicais e a maneira como são relacionados ao cyberpunk, demonstram o quão profundas são suas raízes na sociedade moderna. Ficando evidente que todos produtos que compartilhem dessa mesma abordagem, também fará parte dessa ampla esfera cultural. Apesar de não ser um estilo musical, o cyberpunk influenciou de forma direta e indireta a música dos últimos 30 anos.

Neon Shudder

Com muitas influências modernas e tantas outras da década de 80, Neon Shudder é um projeto americano de música eletrônica inspirado no cyberpunk. Seu primeiro lançamento aconteceu em 2013, e até agora já são 6 EPs lançados digitalmente.

EP Hex Phase lançado em 2015.

É bem difícil localizar informações sobre a banda. Parece que o compositor atua em parceria com o pessoal do webcomic Drugs And Wires (ainda criarei um post para falar deles). Inclusive, tendo uma capa de um EP ilustrada pelo pessoas da Drugs And Wires. Também compôs uma música para o Left Righ Up Down, um jogo que participou do Cyberpunk Jam e pode ser jogado gratuitamente.

Neon Shudder é uma boa recomendação para quem gosta de um som com orientação cyberpunk, todos os EPs lançados estão disponíveis no Bandcamp da banda.

Bandcamp: https://neonshudder.bandcamp.com/
Facebook: https://www.facebook.com/neonshudder/
SoundCloud: https://soundcloud.com/neonshudder/

Perturbator

Perturbator é, na verdade, o pseudônimo de James Kent, um DJ oriundo de Paris, França. Com um estilo musical difícil de definir, Perturbator se encaixa no movimento synthwave, que por sua vez, é praticamente um revival dos anos 80, em sua maneira de utilizar sintetizadores para compor as faixas das músicas, influências de new wave e com técnicas modernas de composição musical. Também há uma influência de Dark Wave em Perturbator, um fator que ajuda a caracterizar as veias cyberpunks ainda mais em suas músicas.

Álbum Dangerous Days lançado em 2014.

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Cyberpunkers

Cyberpunkers é um duo de DJ’s italianos de música eletrônica. A banda nasceu em 2006, da paixão pela cultura cyberpunk dos integrantes Kenkode e Skinfake. Após apresentações em famosos clubes na Europa, a banda começou a chamar atenção pelo seu estilo diferenciado e pela postura de se apresentarem com máscaras. Sua estréia ocorreu com o single “Sex Machine”.

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