Construindo o Cyberpunk – Parte I

Há como chegarmos numa realidade cyberpunk? Para tentar responder essa pergunta, contarei com uma série de posts no Cyber Cultura, que explorem a transformação do nosso presente para essa possível realidade.

Para começar é necessário analisar algumas características básicas do cyberpunk, que é muito específico em algumas delas: o high tech, o low life, as corporações, etc. Então, compará-las com as presentes em nosso tempo.

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O mundo atual tem sido fortemente moldado pela tecnologia. O cotidiano de muitas pessoas esta cercado por ela. Basta parar por um segundo e observar que o futuro já chegou: a quantidade de postos de trabalho na área da TI e programação, a dependência de eletrônicos (fortemente impulsionada pelos smartphones), mas o avanço mais significativo é, sem dúvida, a Internet. Um protocolo de comunicação entre redes, que permitiu o mundo inteiro se conectar.

Mundo conectado

Algumas promessas tecnológicas ainda tão aguardadas, como a inteligência artificial geral, estão cada vez mais próximas de se concretizarem. Enquanto outras, como a realidade virtual e realidade aumentada, estão em processo de popularização, apenas aguardando o lançamento oficial dos dispositivos que vão torná-las acessíveis.

Voltando ao cyberpunk, a tecnologia tem um importante papel na trama. Não só como plano de fundo, mas ela esta incorporada em todos os lugares, até mesmo nos corpos das pessoas. E é isso o que estamos começando a ver agora com o movimento Biohacking, tema já postado aqui no Cyber Cultura. Porém, ainda faltam muitos avanços nessa área, já que seu uso não é legalizado. Portanto, implantes, dermatrodos e outras coisas do gênero, ainda vão demorar para darem as caras.

Pelas palavras do próprio Gibson, “Como eu tenho dito muitas vezes, o futuro já chegou. Só não está uniformemente distribuído”. Essa célebre frase descreve a precariedade dessa distribuição. Em outro post, pretendo me aprofundar nela, principalmente se tratando de território nacional.

Se a tecnologia já esta em nossas portas, o que dizer das corporações? Sim. Elas também estão aqui já faz algum tempo. Elas atuam de forma semelhante a literatura, talvez o mais notório exemplo disso, vem da comparação do conto Johnny Mnemonic (1995) com a atual indústria farmacêutica. Se de um lado temos uma corporação que detém a cura de uma doença, porém é mais mais rentável tratá-la a longo prazo, do outro lado também!

Sem título

O aspecto low life parece ser inerente a sociedade brasileira. Enquanto apenas 10% da população concentra 42% da renda no país, o restante vive as margens do caos que é a administração pública: corrupção, desvio de dinheiro, precário sistema de saúde, péssimo sistema público de educação, etc.

A literatura cyberpunk explora personagens marginalizados, presos a contratos com corporações e organizações criminosas. Muitos são viciados em drogas, alienados e desprivilegiados. Em um comparativo a vida real, o subgênero parece ter aqui, uma grande dose de realidade. Facilmente encontramos pessoas que, por estarem numa situação desprivilegiada, realizam crimes ou se viciam em drogas. Sem contar inúmeras pessoas em todo o planeta que vivem abaixo da linha da pobreza. O low life é real! Mas ele precisa funcionar juntamente do high tech para caracterizar a sociedade. Algo semelhante a visto no curta True Skin.

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As semelhanças entre o mundo atual e o literário, são ocasionadas pela característica de descrever um futuro próximo. Isso permitiu aos escritores passarem as tendências daquela década. Mesmo que muitas tecnologias descritas não chegaram a se concretizar, o cyberpunk tem sido uma ficção mais realista e mais focadas em elementos do cotidiano, do que a clássica ficção das décadas de 50, 60 e 70.

Nas próximas partes, pretendo explorar um pouco sobre as tecnologias de inteligência artificial, automação, analisar um texto de Antonio Luiz M. C. Costa (jornalista, escritor e resenhista da área de ficção científica) e adicionando outras temáticas a medida que surgirem, tentado buscar uma conclusão para o assunto.

5 comentários sobre “Construindo o Cyberpunk – Parte I

  1. Pingback: Construindo o Cyberpunk – Parte II | Cyber Cultura

  2. Cara o teu site e muito foda, eu navegando aqui pela internet da vida acabei encontrando seu site.
    Veio na minha cabeça cabeça logo o filme blade runner, pqp tu fez voltar no passado legal, eu assisti a esse filme quando tinha 14 anos. Me lembro também de um RPG que tive chamado gurps CyberPunk, na qual joguei muito em minha adolescência. Muito foda seu cara na moral parabéns ai.

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    • Obrigado pelo elogio, Glauber. A intenção é essa mesmo, reviver a discussão sobre o cyberpunk e trazer velhas coisas de volta. Blade Runner é o tópico que mais gera posts, não há como escapar dele. O Gurps Cyberpunk já foi tema de um post também, inclusive deixei lá um link para visualização e download em .pdf. Continue visitando o Cyber Cultura, ainda tem bastante conteúdo por vir!

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